14 de julho de 2009

. madrugada, minha janela estava acesa .


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uma madrugada . uma eterna saudade . o acaso de mim . talvez . um cigarro aceso . intragável . um placebo . um sinal fechado numa esquina vazia . um ponteiro quebrado . uma palavra indigesta . nuvem escondida à céu aberto . uma música repetida obsessivamente . uma lágrima presa . um nó na garganta . uma pele seca . uma dúvida incessante . uma tristeza pulsante . um vontade de vida . um desenho abstrato . um traço impreciso . um sonho indeciso . um desejo de mundo . um galho solto de uma árvore velha . imagem-movimento . ponteiro fluido desmarcando o tempo . a solidão do vizinho ao lado . morando aqui dentro . uma porta e n t r e a b e r t a na espreita à espera . uma espera . à espera . a repetição da rotina . uma gastrite crônica imaginária . pulmão sem ar . um ritual de um ritmo . um desatino . que desatina os tons . uma parede em branco . um trinco quebrado . um medo cravado . um cheiro inventado . a mentira sincera . e a espera... . contornando as curvas inacabadas de desenhos inexatos em seu nexo . o corpo não compreende o desejo em palavras . o desejo é uma fresta . um vulto de si no espelho . são os olhos secos e sedentos . transbordando a ilusão de si . de ser . é o travesseiro frio à espera do sono . o lençol dobrado esperando o calor do corpo . o roçar da pele com frio . meros detalhes . e esse silêncio que estarrece a noite insône . e "o que será que será que será?" . noite lúcida de sonhos . funeral sem flores de qualquer utopia . singela dor de alegria . difusa . confusa . obtusa . uma alegria . a alegria . uma meia lua rimando comigo . rima inacabada de mim comigo mesma .