31 de janeiro de 2009

. nascer do pôr .

.

cum as istrêla nus ovído
canção nos zóio cheio d'água
cumendo os sonho sem sintido
lambendo as rima das palavra

a noite vai pesando os zóio
a rima sai buscando o sono
o corpo cai desfalicido
adormecendo a madrugada

o céu clareia os passarinho
pousando os canto de orvalho
moiando as fôia
e a noite indo
pra amanhecer novas palavra...

...o vento muda quando o dia
vai clareando o mundo, as água...
e na beirada o mar se acalma
pra receber o dia rindo

.







(pra carol)

. madrugando o madrugar .

.

música nos olhos
estrelas nos ouvidos

o cheiro do tato
paladar nos sentidos

a pele no vento
olhar pela janela

deitar nas palavras
pra fazer sentido

lamber o sonho
sem morder a língua

a madrugada
tem cheiro
de grama
molhada

toalha macia
secando
o banho

na madrugada
comer a música
ouvindo o sono

cheiro de verde escuro
gosto de fruta fresca
dança de passos
laaargos

madrugada
é palavra macia
de morar nos olhos

madrugada
madrugar

a pele fria
p r o i b i d a


sem frio

coisas de amor
não compreenda,


.

14 de janeiro de 2009

. dos silêncios... .


.

dor de palavras empacadas na garganta

cego
de olhos que vagam
rasos
em sentidos desfocados

.

4 de janeiro de 2009

. cabeça: manicômio dos pensamentos .

. buraco sem fundo . você chega na ponta . na quina do abismo . e ao pensar se cai ou não . você se depara com o "já estar lá" . flutuando no vácuo . na possibilidade do imprescindível . tentar entender tal abismo não adianta tanto . não há o que entender no eterno desconhecido . não há o que entender em qualquer lugar . na verdade o que parece importar flutuando no vácuo . é sentir o corpo cair . se permitir espatifar no fundo do que não tem fundo . buraco negro . sem entrada . sem saída . flutuar é o que permite saber . saber sem entender . básica diferença entre entender pra saber . até porque se nada se entende . nada se sabe . se nada se sabe . o que há pra entender? . entender não muda nada . você já está lá . flutuando no que não termina .

. das bocas que se fazem de tear .

.

São só palavras
Tolas palavras
Ditas em vão
Nos vãos das letras
Que pra ser palavra
Carrega os silêncios
Dos vãos e das mãos
De emaranhadas letras
Que seguem no vento
Que voa sedento
À procura do acontecimento.
As palavras
Simplesmente
Acontecem.
As palavras tecem.

.

. dos silêncios .


. ... . dos silêncios... . de tantos deles... . há o que atordoa as idéias... . é o silêncio que faz parecer que o mundo pára de girar . que o vento pára de voar . as pernas estremecem num chão que não parece seguro . e tudo pára tanto . que até o tempo pára... . é um silêncio sem paradeiro no corpo . sem nitidez de realidades . sem nitidez de nada . porque até os olhos embaçam . silêncio de primeiridade . de ser tocado pela palavra que dói quando dita . fazendo suas palavras se perderem pelo corpo . pra fugir da boca . porque não se sabe onde dói o silêncio de faltar palavras . o silêncio de nada se dizer porque o corpo trava . pára . estagnado com palavras que não se quer acreditar . e tem coisas que são difíceis de se acreditar . mesmo quando já sabidas . mas escondidas . em palavras disfarçadas de silêncios... . dos silêncios... . de todos eles... . o pior... . é o da palavra embaçada em suas mentiras... . ... .

2 de janeiro de 2009

. que nem balanço no quintal .

. leveza . quando o existir se faz na dança . nos tons . na musica que dança no aconchego dos ouvidos . carente de palavras macias . carinho bom de se fazer na pele . é o cheiro de jasmim entrando pela janela . é a brisa . é o sorriso da criança aprendendo a loucura de crescer . do velhindo aprendendo a dureza de esperar . banho de água morna . café com leite na varanda ao entardecer . a onda chegando mansinha na ponta dos dedos do pé . boiar na beirada do mundo . a mão pra fora da janela tantando prender o vento entre os dedos . são os dedos mergulhados na lama fria . catar conchinha e pedras na beirada do mar . é cafuné de avó cantando musica de dormir . mesmo grande . ser pequeno . leveza é aconchego dos braços em abraços que se firmam no sono . é a conchinha do sonho . no colchão apertado . é se apertar pra estar mais perto . pra entrar mais dentro . é o barulho da copa da árvore que parece longe . mas que fala do vento . que fala do tempo . que fala do mundo . que fala... . carinho na nuca enquanto bocas se beijam . é o parar pra ficar olhando a cor da pupila . o sorriso do silêncio confortável entre a pele e a pele . e a pele é tão leve na dureza do corpo . e ela cobre o corpo inteiro . pra fazer carinho . pra fazer carinho em si mesmo . porque é bom o carinhar a si mesmo . de todas as formas se fazer carinho . ser assim só de mansinho . ser . leve . na doçura de carregar o peso de si mesmo . embalado no movimento da pele . movimentomoveovento . como a pena caindo no chão . leveza é não ter os pés no chão . movimento de ir e vir . que nem balanço no quintal .

1 de janeiro de 2009

. o novo ano que vem foi bom... .

. 31 de dezembro . o último dia do ano. acordei sem vontade alguma de pensar no que eu faria no dia que eu faço sempre a mesma coisa . fiz o que fiz . desejei o inesperado . e a tarde começou singela . o último pôr-do-sol do ano que vai acabar em poucas horas foi bonito . os prédios estavam bonitos . as paredes . a luz alaranjada entrando pela janela pintando temporariamente a parede do quarto . uma luz quente e aconchegante invadia a última tarde do ano . varanda é lugar de se falar de tudo . a cozinha é outro . no fim das contas a cozinha é sempre o melhor lugar da casa . nem todas . mas pelo menos falo da minha . no último dia do ano . pensei em repetir o que sempre faço . e faço porque gosto . gosto do amanhecer na praia . de ver a vontade do novo estampado na cara de qualquer um que passa . de qualquer maneira . eu tava falando com mari... é inevitável... quando muita gente pensa junto a mesma coisa alguma coisa acontece . são tantos desejos em jogo . tantos pedidos pedidos . tantas crenças... . em uma data . em um momento . o mundo ta dando uma volta por inteiro . girando em torno de si mesmo . deixando de ser pra ser outro . movimento . rotação . translação . e no final das contas.. ele continua o mesmo . mas esse ano novo que vem pensado ainda no velho ano que vai... foi bom . ele foi inusitadamente inesperado . ele foi inesperadamente rico de desejo . desejo de tudo . de dança . de linguagem . de tempestades . de caos . de alegria . de intimidade . de banhos conjugais . de danças e espelhos . porque é bom dançar na frente do espelho . é bom ver o movimento do corpo que no espelho se reconhece . ou se desconhece . e por conta disso . o desejo é o de suor no corpo . é o de dança . o de arte . assassinato de palavras sagradas . que tudo seja dito . que tudo seja feito . que tudo seja intenso . que tudo seja rotativo . que gire ao redor de si mesmo e se reconheça . e se desconheça . e se movimente . o novo ano que vem que foi há poucas horas . foi exatamente como eu desejo que seja o ano que vem . que o mundo abrace sua loucura . que a boca solte o verbo . que o corpo se desconstrua . que todo dia seja fim de ano .