30 de outubro de 2008

. exercício besta .

. cores e formas e sensações . de desembaratinar os olhos mergulhados no abstrato . idéias gelatinosas e escorregadias que se fazem sem precisão . coisa de continuar . de dar idéia de passagem .

26 de outubro de 2008

21 de outubro de 2008

. fases .

.


da lua
na lua
com a lua
para a lua
entre a lua
e eu

há tantas ruas
por onde passam
em vestes nuas
em passos rasos

rastros
de pessoas
que ultrapassam
suas próprias fases

fases de ser
e de não ser
nas ruas
por onde passam

em vestes cruas
deixando toda nudez
de lado
do lado de lá
do lado de cá
do lado de estar
do outro lado da lua

aqui no final da rua...
onde ninguém passa
pelo passado
da lua
que nem tempo tem
de ser

minguar
crescer
inovar...
farta de ruas vazias
a lua cheia deita
em minhas fases

.

20 de outubro de 2008

. pedido de volta .

.

me perdi na cor dos olhos
na troca de palavras ditas
mas foi o seu silêncio que ficou
e que complica:
- rascunho imperecível!

.

. segredo .


. "corre, a caminhada é curta" . se entrega aos caminhos de braços abertos . porque no batido de saberes incertos . lá . bem no íntimo de segredos secretos . mora agora uma cor desconhecida da sua lembrança . segue . e em cada parada de descanço . não se despeça . porque talvez nada seja . nada tenha início nem fim . talvez tudo seja meio . pra que tudo aconteça . tempo presente onde só o toque segue com algo a dizer . ou não . vai saber . é como se palavra nenhuma precisasse ser dita . basta olhar e pensar no cheiro dessa sua vida fugas . que se cruza com a minha . e que nem minha é . mas se quis com a sua nesse período tempo de um dia . que não acabou . nem vejo parar . porque em cada gota de entrega . onde pulsa esse toque quase ausente de distância quase junta . toquei-te com fina lâmina em segredo . e me cortei sangrando uma cor sem cicatriz chamada "fuchsia" .

19 de outubro de 2008

. (f)utilidades práticas .

.

futilidade
fútil utilidade
fútil idade,
todas elas...

utilidade
útil utilidade
útil futilidade
de brincar
com as
palavras

viver
é tão
útil
quanto
fútil

e ser fútil
é tão
inútil
quanto
fútil

... simples asim,
como um poema,
que rima sentimentos
úteis
nessa vida inútil
que se faz nesse tempo inútil

que utilidade
tem a vida?
e por que não
viver na futilidade
do tempo...

não mudaria em nada,
mesmo.

.

16 de outubro de 2008

. des do brar-se .

. o corpo se desdobra ao permitir-se ao desconhecido . talvez o corpo peça pra se ter menos pensamento lógico e mais lógica nas sensações . nos sentimentos . ou nenhuma lógica pra nada mesmo . querer entender as coisas talvez seja não viver na presentidade do tempo .

14 de outubro de 2008

. o corpo .

.

o corpo é

passagem,
passeio,
passageiro,

o corpo

passa,
em passos
pelo descompasso
dos ponteiros,

jamais
se finca,
fixo
na finalidade de um tempo
sem finitude,

traga-me um corpo
que não acaba,
pálido
em poros
que se fazem paredes,

o corpo
pede
que a vida
seja flexível
como a pele,

.

12 de outubro de 2008

. nem importa .

.

o amor é indizível
tem em sua forma nítida
a clara precisão das reticências

a saudade é indiscernível
por sua vez disforme
cria-se firme em seu movimento eterno de busca

a alegria é indiscutível
ela é seca e dura
como aquilo que não se sabe

hoje sinto saudade da simplicidade das coisas
hoje o amor me silenciou
e opaca por culpa do amor em demasia
desentendi-me da inocência que carregava com a alegria

.

11 de outubro de 2008

. vômito .

.

enquanto
as
palavras
dançam
nos
ouvidos
que
comem
as
palavras
águas
de
soro
escorrem
pelos
olhos
que
comem
o
mundo
e
com
o
mundo
viram
a
boca
do
corpo

.

. encontros .

.

a dança e o riso do corpo
a pele em contato com o vento
a língua em contato com o gosto
em contato com cores
em movimento
o encontro dos poros e o cheiro

a vida de quem cedo morre

a água que na pedra dorme

os poros de um grito seco
que dói
no silêncio de quem ouve
que dói
no silêncio de quem ouve

busco sentidos
e a palavra não é mais que o homem
sonhando cego em seus ponteiros
e o tempo não é mais que homem
enquanto a loucura dorme
o homem nada é mais que homem

.

. "corpo sem órgãos" .

. pra que se dê ao corpo liberdade de ser corpo . em movimento . flexível . indizível . impreciso . indeciso . em suas formas nitidamente abstratas . em sua concretude embaçada . dar ao corpo possibilidade de ganhar espaço . de dançar em si mesmo . e às vezes . até mesmo sem música alguma . e se perder num respirar que se compõe com suas notas musicais imaginárias . i(ni)magináveis . e se permitir tropeçar . e cair . em si mesmo . por si mesmo . criar-se em um corpo que se cria novo . pra que tudo se dê em formas diferentes . criar-se . com a permissão do contraditório . do frágil . do permeável ao permissível . perecível . limite impreciso de ser qualquer coisa que seja . um corpo sem nome . sem órgãos . perdido em seu signo . em seu símbolo . em seu rito . em seu mito . perdido em seu nome . codinome . nômade . sem territórios . perverso . disperso . sem fundamentos . fluxos contínuos . d e m o v i m e n t o à m o v i m e n t o .

10 de outubro de 2008

. no meio do caminho tinha o óbvio .

. é como se os passos não mudassem . e tudo se encontrasse na mesmice de como caminhar . e é como se seus dias tão iguais . te dessem o mesmo caminho pra que você o seguisse todos os dias . então . o que te resta é ir em frente sem olhar o que é tão óbvio . o que se faz tão rotineiro no movimento de cotidianizar . é... porque geralmente é difícil enxergar o que se encontra bem na frente dos olhos . as vezes de tão visto os caminhos se tornam invisíveis . daí é isso . você indo . por ir . no caminho de sempre . caminhando do mesmo jeito . achando tão óbvio caminhar por aquele caminho . se esquece de olhar os obstáculos que o caminho . que você faz todos os dias . te oferece . e você andando . e sem perceber . vai de encontro à qualquer buraco . e aí . ao perceber o buraco você se vê . tropeçando em si mesmo . caindo de cara no chão . e então . você leva uma rasteira no seu dia tão igual ao outro . e ao outro . e aos outros . iguais . exatamente como você . em cada dia que se faz igual no seu mesmo jeito de caminhar . e então . você se vê desequilibrado . frágil . caindo . de cara no chão . e então . você sem poder fazer nada mais que assistir a sua própria queda . ainda tenta ser consistente no que diz respeito ao seu próprio corpo e coloca os braços na frente da cara pra que a queda se amorteça . e quando você vê . você já não viu como foi cair . como foi dar de cara no que está na frente da sua cara todos os dias . da mesma maneira . com a mesmice de ser você t o d o s o s d i a s . daí você acorda . do sonho . do susto que é ter o corpo em uma posição por uma situação que não deu tempo ao próprio corpo de se perceber posicionado . e então você se percebe . percebe o braço ralado . o joelho . as costas . o rosto desfalecido . e o corpo torna-se fraco . torna-se frágil ao vício do cotidiano . e então . você percebe que seu corpo vive . e se mexe . e se protege . e sangra . e enfeita o pedaço de chão que te fez estar em desequilíbrio por não conhecer o caminho que caminha todos os dias com os pés que você acha que conhece tão bem . "a vida te dá uma rasteira, te derruba com a cara no chão" . deve ser pra mostrar que o caminho dos dias que te seguem e que te pisam cuidadosamente nunca é tão óbvio quanto você . e que seu corpo tão despercebido é o que te mostra vivo diante de uma queda qualquer .

9 de outubro de 2008

. sem porquê nem praquê, só pra escrever .

. o espaço de tempo que existe entre uma palavra e outra e outra e outras palavras parece menos vago e menos denso que a junção das letras . o espaço de tempo entre o pensar algo e transquever alguma coisa parece infinito . o corpo fala o tempo todo . não verbalizar . ainda que o verbo se palavreie no corpo . sem pontuar . apenas discrever . escrever . pra que se preserve um pouco de sanidade . sim . sanidade . não do corpo como um todo . mas das palavras pontuadas . sem sentido algum de ser palavra organizada . mais uma vez: desculpe a falta de sentidos .

7 de outubro de 2008

. cidade natal .

.

do mundo

no mundo

o m u n d o

do mundo inteiro
do mundo todo
e nada
pela
met
ade...

de todo mundo
todos eles
no mundo todo

o mundo não cabe na sola dos pés
o mundo não sabe
não sabe de nada
não sabe que é mundo
o mundo do mundo


desculpe
a falta
de sentidos

.