10 de outubro de 2008

. no meio do caminho tinha o óbvio .

. é como se os passos não mudassem . e tudo se encontrasse na mesmice de como caminhar . e é como se seus dias tão iguais . te dessem o mesmo caminho pra que você o seguisse todos os dias . então . o que te resta é ir em frente sem olhar o que é tão óbvio . o que se faz tão rotineiro no movimento de cotidianizar . é... porque geralmente é difícil enxergar o que se encontra bem na frente dos olhos . as vezes de tão visto os caminhos se tornam invisíveis . daí é isso . você indo . por ir . no caminho de sempre . caminhando do mesmo jeito . achando tão óbvio caminhar por aquele caminho . se esquece de olhar os obstáculos que o caminho . que você faz todos os dias . te oferece . e você andando . e sem perceber . vai de encontro à qualquer buraco . e aí . ao perceber o buraco você se vê . tropeçando em si mesmo . caindo de cara no chão . e então . você leva uma rasteira no seu dia tão igual ao outro . e ao outro . e aos outros . iguais . exatamente como você . em cada dia que se faz igual no seu mesmo jeito de caminhar . e então . você se vê desequilibrado . frágil . caindo . de cara no chão . e então . você sem poder fazer nada mais que assistir a sua própria queda . ainda tenta ser consistente no que diz respeito ao seu próprio corpo e coloca os braços na frente da cara pra que a queda se amorteça . e quando você vê . você já não viu como foi cair . como foi dar de cara no que está na frente da sua cara todos os dias . da mesma maneira . com a mesmice de ser você t o d o s o s d i a s . daí você acorda . do sonho . do susto que é ter o corpo em uma posição por uma situação que não deu tempo ao próprio corpo de se perceber posicionado . e então você se percebe . percebe o braço ralado . o joelho . as costas . o rosto desfalecido . e o corpo torna-se fraco . torna-se frágil ao vício do cotidiano . e então . você percebe que seu corpo vive . e se mexe . e se protege . e sangra . e enfeita o pedaço de chão que te fez estar em desequilíbrio por não conhecer o caminho que caminha todos os dias com os pés que você acha que conhece tão bem . "a vida te dá uma rasteira, te derruba com a cara no chão" . deve ser pra mostrar que o caminho dos dias que te seguem e que te pisam cuidadosamente nunca é tão óbvio quanto você . e que seu corpo tão despercebido é o que te mostra vivo diante de uma queda qualquer .

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