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poesia não é rimar palavras
poesia é inventar palavras
dar sempre novas formas
novas funções
brincar com os sons
mecher com os tons
as palavras morrem quando não há alguém disposto a usá-las
pra dar continuidade...
e palavras tem movimento
são feitas de imprecisão
são recheadas de supertições
palavras são invisíveis
ganham consistência de vento
e vão
pro ouvido que tiver com a fome de engolir palavras
palavras repetidas se sentem enclausuradas
enjauladas em bocas sem criatividade
sem força de expressão
o sentido da palavra está em ser como quem a inventa
sempre nova
mesmo sendo a mesma
palavras pedem liberdade
palavras pedem pra que sejam desterritorializadas
"desdistritorizadas" se assim quiser que seja
porque sua existência é frágil
começa simplesmente porque alguém cisma que ela poderia existir
e termina simplesmente porque ninguém a usa mais
o tempo todo
o tempo inteiro
palavras pedem incompletude
é como se elas fossem...
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