12 de outubro de 2010

. pra lai .

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eis a casa dos cachos,
da bandeira pernambucana pregada na parede da sala,
do varal com 37 calcinhas penduradas, de todas as cores, tamanhos e formas,
da louça lavada a base de risadas,
do radinho com músicas que cantam aquela saudade,
todas elas,
porque é ela, a saudade, que sempre vai... acompanhando os passos,
embaraçando os cachos...
é a saudade que varre a casa,
que empoeira o colchão,
que venta fazendo zumbido na janela da sala,
dos quartos,
é a saudade que suja a roupa,
que lava a roupa,
que estende as coisas no varal,
sobe e desce o elevador,
sai e entra pela porta,
é a sadade que pinta e borra os desenhos abstratos,
a saudade beija, abraça, desconfia, ri, embebeda e dorme em cada fio de cabelo...
em cada curva do corpo,
em cada ponto das horas...
é a saudade que deseja a viagem,
é a saudade que viaja e deseja...
é a saudade que se perde nas ruas da cidade desconhecida de desconhecidos perdidos pela cidade,
é a saudade que pega carona,
que olha com olhos abismados o novo, ou o velho que se torna novo, de novo...
a saudade vai e fica...
adormece e amanhece intocável em sua condição de saudade...
a saudade tece...
enraíza e cresce enfeitando as palavras,
criando os dias,
saudando as novas alegrias...
a saudade nasce, vive, não morre nunca...
e saudade é palavra que nunca esquece...
que jamais esquece.



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