6 de abril de 2011

. a menina e o sol .

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vi o corpo dela no fundo do quintal. vi a pele como que pegando fogo, de tal maneira que ela se iluminava toda. vi o corpo dela acariciando a alma. vi o seu olhar por entre os olhos fechados da menina. vi a menina se entregar sem medo, encostada na parede, lá no fundo, como se o sol entrasse mesmo. pelas peles, poros do corpo, todo. e a menina se abria toda pra receber o sol. o sol queimava a perna, a cocha com a calça encolhida entre os ventres. e os braços se esticavam todo, reluzindo a brancura dos dedos, dos ombros. vi o corpo da menina se mexer, como quem faz amor. a menina estava fazendo amor com o sol. no fundo do quintal. tinha um rosto suavemente concentrado, tinha um gozo suavemente disperso, por se concentrar de mais, e mais, e mais. em si. a menina recostava as costas suadas na parede. sentia o chão com a palma das mãos abertas. como ela... to da a ber ta a menina dela. quase nua. toda sua. a menina enfim, sorria. com o corpo inteiro quente. esparramado-ausente, como quem quase flutua. corpo e alma ali eram um só. aquilo era mesmo um orgasmo. múltiplo. como quem se derrete nu. e por inteiro.


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Um comentário:

Sérgio Nunes de Morais disse...

"A MENINA E O SOL". Parece que esse Sol tem corpo. A menina é mais "abstrata" que ele. Lascívia pura esse conto. Provocante. Manchete de jornal: Sol masturba - ou "deflora" (de flora - e fauna - rs) - menina à luz do dia. Comentário de: Sérgio Nunes.