6 de novembro de 2009

. desenho sanguíneo .

. é que desenhar é como viver o que se vive . o que se pensa e o que se sente independente do que seja . é que traçar um traço numa folha de papel é como dar borda ao que não se decifra . não se pega nas mãos... então a mão vai lá e faz . se inscreve como uma imagem aquilo que vê entrando pelo olho da pupila . não é uma questão de captura . nem de decifrar o que se olha . não é uma questão de dar um nome à coisa vivida . ilustrar e engavetar a vida . não há como tocar na vida . a vida não é algo dado como uma pedra ou qualquer outra coisa . a vida vigia às coisas do mundo como um felino silencioso observa o movimento da rua . sentado na borda da janela . no topo de um telhado . dentro do seu escuro . dentro de seu silêncio . desenhar é dar adeus . dar adeus às histórias . despedir-se de si mesmo . corrente sanguínea entre a tinta e o corpo . é o corpo se jorrando como quem se respira . é ir e vir sem sair do lugar . pra que se chegue em todos os lugares .

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