9 de novembro de 2009

. o galho da alma .

. vim . ver . voar . pousar em outra janela . aprender um novo pouso . preparar os ombros pra cair num novo abismo . de asas abertas . de olhos fechados . de pés desatados . desacorrentados . ir . vir . voltar . nunca pro lugar de partida . a partida é sempre um novo lugar de chegada . pisar em terreno novo: "aqui, estou eu . sentada ao lado de um felino com as portas, da janela, abertas . pupila dilatada . a cor da noite . o barulho de chuva . e o pulo do gato num novo movimento ... a paisagem da minha janela tem linhas retas . céu fechado e pequeno . os dias sem raio de sol . mesmo em dia ensolarado . observo a vida . nas outras janelas . nessa hora do dia a vida dorme e sonha em quartos escuros . uma ou outra janela aberta pro mundo . a vida não vive a madrugada . ao lado do muro esquerdo uma árvore . pelo menos uma . e continuo sentada pensando que o que a natureza cria é cheio de curvas . pra dar movimento..." . o que o homem cria é quase sempre reto . homens constroem paredes . muros . janelas e portas retas em seus sentidos . o homem cria barreiras . mapeam seus espaços . ilusões sem propriedades que ainda se insistem como definições humanas . a janela do meu quarto está reta na nova cidade desconhecida . e eu, nela, fechada com minhas portas entreabertas . pés inseguros na ilusão de suas prisões . rir . ser . olhar . quebrar a linha reta desse horizonte sem horizonte . se confundir . ir . se perder . em si . ter . saudade . pousar . ser o lugar . sucessivas imagens .

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