29 de dezembro de 2008

. desculpa... não entendi .

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o mais bonito da fumaça é o silêncio
o mais bonito da palavra é o avesso
o mais cruel das ordens é o começo
o mais doce em mim amarga
nítida como palavra dita
e certa em meus ouvidos
que estou certa
incerta de mim mesma
e nem me importo com isso
eu vomito sem comer
quando sai de mim é vento...
e invento em mim um novo jeito de comer
eu já não sei o que dói
eu já não entendo
tirar palavras de mim
é amputar-me de mim mesma
como se eu pudesse desfazer-me
tirando de pedaço a pedaço
o que dói imprescindível ao me dizer-me
a pele vira palavra invertida
vira palavra não dita
sem entendimento de palavra
a palavra me dita
como um ditado que repete ditado
sem criar-se
estagnado
atrofiado
opaco
não que as coisas venham de dentro
porque não há dentro
há o vazio
é só o que sei
um vazio que palavra nenhuma se compromete em preencher
as palavras não preenchem nada
não me preenchem em nada
só me deixa cheia
de mim
mesma
ditando palavras ditas em seus ditados
corpos
mortos
presos
viver
se torna
ilegal
criar
se torna
crime
prisão perpétua do corpo
que de maneira ou de outra
simplesmente
obedece
somos indefinidamente obedientes
não importa de onde vem ou como começa a ordem
porque inevitavelmente não somos verbo
somos sujeitos
inativos
nativos de uma palavra inquestionável
indefinível
a vida
não permite o movimento
pois a vida agora é algo
a vida agora afirma
o que meu corpo acredita ser
seja lá o que for
seja lá como eu vou
a pele não sabe onde
acaba
onde
termina
meu corpo
pede desordem
meu corpo impede de eu ir...
praquele lugar distante
que não conheço
não me conheço
nada
é
de
mim
.
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