29 de dezembro de 2008

. páginas .


. é estranho não saber distinguir . onde as coisas começam . onde as coisas terminam . as coisas se misturam . fluidas . moles . movimento de rio mesmo . passa . vai . alinha um caminho que a cada passo se modifica . torna-se outro . outros . tantos . compassos . o que me resta é passagem... . e passagem de ida . é estranho perceber . que se morre a todo tempo . que se mata a cada dia . e minha loucura tece a vida de maneira tão insólida . que nem me preocupo se o insólido existe . de toda maneira . a crença é de que as palavras . se é que elas existem mesmo . são inventadas . criadas . usadas como corpo dia-a-dia . e as palavras . nos dias que se passam . como um rio . se tornam o motivo de acordar a cada dia . de maneira ou de outra . as palavras atuam dentro da boca . a palavra voa . vai . e venta . inventa um conceito qualquer de existir . e o corpo . domesticado em suas palavras . obedece o que a palavra significa . eu não sei se as palavras vem de dentro . eu não sei quais palavras definem minha loucura . mas a loucura tece... . tece as formas de maneira imprecisa . impiedosa . e viver . se torna palavra . e viver . se torna impreciso . viver se torna o que a palavra dita . e elas acabam por ser o que me resta pra acariciar minha loucura . o corpo tenta de toda maneira entender o silêncio . entender o que o silêncio dita . é como se as palavras se tornam-se a ditadura do corpo . e tudo . todas as palavras precisassem ser ditas . munidas de seus mais variados sentidos . indo . em todas as direções . sendo inevitavelmente interrompidas . não interessa o traçar dos caminhos . as palavras sempre chegam . sempre outras . nunca a mesma que sai da boca . nunca a mesma que entra . mesmo . em mesmas letras . entenda... não entenda nada . é o que elas dizem . a todo momento . em todo silêncio . entenda... nada é o mesmo seja lá o que isso significa . entenda... são só palavras . tolas palavras . sons que rasgam os ouvidos . desenhos que furam pupila . o que existe . me parece . é a pele . e a pele pede o tato . a pele pede o outro . e num sentido desgovernado . o corpo vai voa e venta . como as palavras,

Nenhum comentário: