14 de setembro de 2008

. diálogo entre um pássaro e um homem .

B.T.V: _ “Bem-te-vi! Bem-te-vi!”

S.J.: _ Bom dia passarinho!

B:_ Olá Seu João! - olha o sol - já é dia – vai-se a noite – outro dia? – bem-te-vi! bem-te-vi!

SJ:_ É sim Bem te vi! Olha as cores, olha as nuvens. Em silêncio escuta o mundo Bem te vi?

B: _ Olha o vento – é o sol – é o grito – em movimento – vem chegando – vem de longe – vem na pele – bem-te-vi-! bem-te-vi!

S.J:_ Olha o galo! Olha as luzes se apagando! É o sol? olha o sol! olha o sol Bem te vi!

B: _ Olha a fome – come o sono – abre as asas – voa longe – fecha os olhos – vê o mundo – como é grande – como é longe – bem-te-vi! Bem-te-vi!

S.J: _ Já vou indo! Tenho pressa! É o mundo, esse mundo, que é seu, que é meu, que é nosso, Bem te vi!

B: _ Seus sentidos – são o mundo? – estás cego? – olha o mundo – ele é grande! – ele é mais - que seus olhos – fica quieto – tenhas calma – mate o tempo – sem demora – olha o mundo – e agora? – bem-te-vi! Bem-te-vi! Bem-te-vi! Bem-te-vi!

S.J: _Com que tempo Bem te vi?

B: _ Nada sabes! – Tu és burro? Esse tempo – esse mundo – é seu lamento – bem-te-vi! Bem-te-vi!

S.J: _ Se eu pudesse! Se eu soubesse, ao nascer pra esse mundo, não teria preferido eu ser homem, Bem te vi! Mas não pude como tu, dar-me asas para o mundo, dar-me olhos que vão longe, para o que te traz tão certo de viver aqui no mundo como tu, um Bem te vi!

B: _ Tenho pena eu de ti? - Se és tu que inventa o tempo – se és tu que inventa um mundo – onde cortam-te as asas – onde cegam-te teus olhos para a vida – para o mundo? Esse mundo – não é meu – não é seu – e se nosso vê se aprende a ouvir o mundo! Bem-te-vi!bem-te-vi!

S.J:_ Mas no mundo que inventei fiz-me surdo, Bem te vi! O que escuto vem de dentro, e talvez esse meu vício já é mais que meu sustento, e por isso quero o mundo Bem te vi! Se eu pudesse, se eu soubesse, se eu quisesse ter o mundo, se eu soubesse ser o mundo, aí eu estava, ao seu lado, Bem te vi!

B:_ Se não sabes ser o mundo – deixa quieto – vai-se quieto – e deixa o mundo – e deixa a vida – pra quem se ocupa em sabê-la – em escutar o que ela diz – fez-se surdo - mas não mudo – tu és burro!- tu és burro!- Pois escutas apenas o que é de ti! – Que assim seja, então, um cego! – esquece o mundo – olha pra si – já que achas que podes saber... – nada sabes! Nada sabes! – pois enxergas é com olhos de quem acha que por não ter asas – não vê o que vai além de si – bem-te-vi! bem-te-vi! bem-te-vi! bem-te-vi!

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