14 de setembro de 2008

. estradas .

.as vezes . acho que as coisas . quando querem seguir seu rumo . não têm pretensão alguma de ser entendidas . o que eu sinto aqui . dentro dessa minha pele . que guarda teu cheiro . em cada milímetro de poro . é que minha estrada se cruza com a sua . não sei em que lugar . nem em que tempo . nem em que condição . nem em que circunstância . não sei de nada . mas sei que numa dessas curvas . eu caio exatamente no seu braço . e você . me carrega junto contigo . pra lugares que não se fazem de estrada . parece que sua estrada . não é do mesmo tamanho que a minha . que ela se desgruda em curvas . que me fazem te perder de vista . mas logo depois do fim da curva . te vejo caminhar com seus pés na estrada ao lado . e percebo que minha estrada . não tem que ser a sua . nem a sua a minha . que não devemos ter a mesma estrada . nem andar na mesma linha . que a gente tem que se encontrar . onde a curva deixar a gente se levar . mas, quem desenha a estrada somos nós . então . a gente pode escolher . em que curva . um . vai acariciar o outro com seus sonhos . então a gente vai juntando as curvas um do outro . e tocando um no outro . no que vai além das curvas . no que vai além de estradas . desenho uma estrada nova pra mim todos os dias . e cada passo que me levo . vai ao seu encontro . ao encontro de uma curva da sua estrada . que também se desaba às vezes na minha . construir estradas juntos é estranho . é como tentar se conhecer . cavar cavar cavar cavar . pra nunca se chegar ao fundo . porque o que “somos” . não se encontra no fundo . nem no raso . talvez nem se encontre . porque a cada dia que se tenta cavar o buraco . a pá já não é a mesma . e quem segura a pá então... .

Nenhum comentário: