13 de setembro de 2008

. nitidez da palavra .

Às vezes, falta a palavra nítida em sua função de palavra.
E assim as coisas se tornam soltas.
Se tornam livres.
Sem sentido de coisa.
Sem sentido de ser coisa nenhuma.
Apenas se tornam leves flutuando no vento.
Num vento que não tem perfume quando falta a poesia.
Quando falta a rima,
Quando as palavras faltam.
E morrem na boca sem terem sido mastigadas pelos dentes.
Sem terem sido lambidas pala língua.
Sem terem tido tempo de serem letras de mãos dadas.
Então,
resta o silêncio,
Não o silêncio como ausência de palavras.
Mas um silêncio com a ausência de si mesmo.
Um silêncio vazio
Vago
Raso
Sem nitidez de silêncio.
Silêncio é quando o estômago come as palavras e esquece de vomitá-las.
Quando não saem pela boca,
saem pela pele,
pelos poros,
pelos olhos,
pelo berro que empaca na garganta...
E são carregadas pelo silêncio do outro mantido em função de silêncio.
Silêncio nenhum é igual.
Mas cada vez mais, as palavras se tornam mais idênticas à palavras.
Não adianta mudar as letras, elas continuam sendo palavras.
Palavra não quer dizer nada.
Quem diz mesmo é a boca.
A boca da cara com a boca do estômago.
Porque a dor de palavras sem sentido mora no estômago.
Bem no meio do corpo.
Onde as coisas se processam.
Onde as coisas são digeridas.
Palavras,
têm nitidez de comida,

.

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