12 de setembro de 2008

. surto .

. coisas que acontecem . sem previsão de tempo . de movimentos . de expressões . de palavras . coisas que acontecem no instante exato do inesperado . inexplicáveis . inesquecíveis . elas caem no instante que caem . e ficam . quebradas . ou não . inteiras . ou em farelos . ficam . ali . com seus ponteiros quebrados . prontos . no desejo do desejo . na espera do próximo segundo . e elas simplesmente acontecem . simples . como fatos . como expurgos . que saem . que entram . coisas vivas . limpas de qualquer tipo de superficialidade . de artificialidades . qualquer tipo de atuação . porque o espontâneo não permite atuações ensaiadas . apenas as preciptadas . movimentos . sem sentido de ser algo . simplesmente são . sem pretenção alguma de ser . aquilo que rola de ser . como se a poesia engasgada . não tivesse tempo de ser mais rápida que os dedos . porque enquanto a cabeça pensa no que pode escrever: os dedos já escreveram . o tempo já passou . e tudo já foi feito . assim . abruptamente . como num susto . como num sopro que só tem tempo de passagem . como num grito . que sai antes da boca abrir por completo . é como a boca que beija porque o corpo quis mas não disse nada . de imediato . rimou sem permissão da poesia . virou poesia concreta . abstrata . uma prosa sem contextos de parágrafos . sem condições de frases . sem precisões de sintaxe . sem ordem . sedenta de caos . de singularidades . de criatividades . numa organização precisamente feita por espontaneidade . e foi lá e fez . e foi lá e foi . assim . de explodir as víceras . todas elas . e pronto . ser presente . sem embalagens . deixar nú o momento . e ser verdade . de verdade . ins . tan . tâ . ni . a. men . te . no instante do aqui . no instante do agora . sem medo . e ponto

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