15 de setembro de 2008

. p a l a v r a s .

. quando você começa a morder as palavras . e a enguli-las depois de degustadas . você percebe que todas elas tem o mesmo gosto . a mesma receita . o mesmo início e o mesmo fim . que todas elas tem o mesmo recheio . a mesma cobertura . e aprende a não entender mais as palavras . não em sua insignificante superficialidade . e aprende a ter dor de barriga por causa delas . a colocar o dedo na goela pra vomitar . e se livrar delas até seu ultimo ponto , até a última pontuação . e descobre que as vezes você fala . fala . fala . e que é por isso que ninguem te ouve . e te entende . e por isso mesmo você também já não escuta mais ninguém . e tudo se torna o mesmo movimento . o queixo se abre , a boca baba , a saliva sai , mas nada é dito , ou tudo é dito em palavras diferentes que querem dizer sempre a mesma coisa . sempre . palavras com gosto de nadezas . palavras com gosto de surprezas . palavra com gosto de estranhezas . palavra com gosto de medalhas . palavra com gosto de palavras . e o vômito são sempre letras soltas . u m a p o r u m a s e s o l t a d a b o c a . sempre .

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