12 de setembro de 2008

. janelas .

. abriram-se as janelas do mundo: o que se vê são ruas sem passos . olhos sem fundo . cortinas sem cores . fechando lacunas . engolindo os espaços . na parede: pintado o reflexo: de suas grades . da sua prisão colorida . quatro paredes . cinco . doze . janelas de palavras . janelas sem fechaduras . janelas que se abrem pra dentro . janelas que se fecham pra fora . janelas . janelas da alma . janelas do corpo . das percepções . janelas que se abrem pro invisível . janelas de mundo sensível . janelas que se abrem com as mãos . janelas de sonhos . na sua janela: a sua “vontade de ser porta” . e de ser porta aberta . de ser ponte pra rua . pro espaço vazio das ruas sem passos . pro espaço vazio . de pessoas vazias . e vagas . vagando em suas ruas . como suas escadas . vagando em si mesmas . de olhos fechados . de bocas abertas . todas . com seus espaços internos tão conturbados . todas . com suas janelas quebradas e de frágeis acessos . e algumas: sem janelas . e você com tantas delas . abrindo variados espaços . possibilidade pra milhões de pontes . pra milhões de sonhos . pro conhecido desconhecimento de si mesmo . janela de poesia sem rimas . dois passarinhos cantando em sua gaiola . e de porta aberta . na sensação confortável de estarem presos em si mesmos . de não quererem voar . pra onde não tenham . como não enjaular-se . prisão perpétua voluntária . prisão diária . aberta . embriagada . afogada em cores que pincéis não pintam . eis que portas se abrem no abrir de suas janelas ,

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