14 de setembro de 2008

. que venham coisas boas... sempre .

. e na hora em que me sinto deslocada de mim mesma . minha pupila me desencaixa . é a hora em que me explode o riso em choro . o berro em riso . e se torna tão conturbado tentar me encontrar nesse descontexto de mim mesma . que o céu se faz roxo . e num mar amarelo entram mulheres banguelas que acenam para o céu . meninos com a cara enfiada na areia ao lado de amigos andorinhas . meninos com tiques nervosos . pessoas em roda de mãos dadas em reza . um homem que carrega seu ramo de flores vermelhas . berrando um desespero silencioso . mulheres gritando . meninos dançando com os punhos cortados . mulheres dançando funk . homens mijando ao meu lado . mijos meus . mijos seus . mijos nossos . homens mortos vomitando . amigos de infância me trazendo passados . conversas de blábláblá com quem o amor não se faz em palavras . risos que rasgavam a garganta e doíam a barriga em alguém que raramente me encontro . e na fome me entram no estômago o mal-humor de uma mulher trabalhadeira junto com o seu suor no suco . e no caminho de casa me encontro com o que fujo . e beijo a loucura . e abraço o louco . o espelho de todos . até de quem tem a loucura embaçada em si mesmo . saudades . lendas . lendas . e lendas . e no jogar o sabonete pra iemanjá o pedido se torna sempre o mesmo: que venham coisas boas... sempre .

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